Ter um animal de estimação vai muito além da companhia. Cada vez mais estudos e relatos pessoais apontam os efeitos positivos que cães, gatos e outros pets exercem sobre a nossa saúde emocional. Mas será que eles realmente ajudam na saúde mental? E de que forma isso acontece?
Neste artigo, vamos entender como os animais de estimação podem atuar como aliados no combate a sintomas de ansiedade, depressão, estresse e outros desafios emocionais — tudo isso com uma abordagem acolhedora e prática.
Desde tempos antigos, os seres humanos compartilham vínculos com os animais. Essa relação, ao longo dos séculos, evoluiu de uma parceria utilitária (como na caça ou proteção) para um vínculo afetivo profundo. Hoje, para muitas pessoas, os pets são verdadeiros membros da família.
Essa conexão emocional está diretamente relacionada ao nosso bem-estar psicológico. Diversos estudos mostram que o simples ato de acariciar um animal pode reduzir os níveis de cortisol, hormônio do estresse, e aumentar a produção de serotonina e dopamina, substâncias associadas ao prazer e à sensação de felicidade.
A presença de um animal de estimação não substitui tratamentos terapêuticos, mas pode ser um complemento valioso. Veja alguns sintomas que tendem a melhorar com o convívio com um pet:
Ansiedade: o contato físico, a rotina e a companhia constante ajudam a reduzir a sensação de inquietação e nervosismo.
Tristeza profunda: os animais oferecem afeto incondicional e ajudam a preencher o vazio emocional comum em quadros depressivos.
Estresse crônico: interações com pets reduzem a tensão muscular, melhoram o humor e diminuem os níveis de estresse.
Solidão: principalmente entre idosos ou pessoas que vivem sozinhas, os animais proporcionam conexão social e presença constante.
Esses sintomas, quando não cuidados, podem evoluir para quadros mais graves de saúde mental. A presença de um pet funciona como uma rede de apoio silenciosa, que oferece conforto sem exigir palavras.
Existem algumas causas principais que explicam por que os animais ajudam tanto no aspecto emocional. A seguir, destacamos os fatores mais relevantes.
Os pets não julgam, não cobram e não exigem. Eles apenas estão presentes — com carinho, lealdade e constância. Essa forma de afeto puro ajuda a reconstruir a autoestima, especialmente em pessoas que se sentem rejeitadas ou invisíveis.
Animais precisam de cuidados diários, como alimentação, higiene e exercícios. Isso exige que o tutor mantenha uma certa organização e constância. Para quem sofre com transtornos como depressão, onde a falta de energia e motivação é comum, essa rotina pode ser uma forma de reintroduzir responsabilidades com leveza.
O toque é terapêutico. Acariciar um gato ronronando ou abraçar um cachorro após um dia difícil são ações simples, mas poderosas. Elas ativam áreas do cérebro ligadas à segurança e ao prazer, funcionando quase como um “remédio natural” contra o mal-estar emocional.
Animais, especialmente cães, podem estimular a socialização. Passeios com o pet, visitas ao veterinário ou a interação com outros tutores geram oportunidades de troca. Isso é especialmente benéfico para pessoas tímidas, que sofrem com isolamento ou que enfrentam fobias sociais.
A relação entre pets e saúde mental é tão promissora que já existe uma área especializada: a terapia assistida por animais, também conhecida como pet terapia. Ela é aplicada em diversas situações:
Hospitais: para ajudar pacientes internados a lidarem com o estresse e a ansiedade.
Clínicas de saúde mental: como complemento ao tratamento de depressão, ansiedade, TEPT e autismo.
Casas de repouso: para amenizar a solidão, promover bem-estar e incentivar a memória afetiva dos idosos.
Ambientes escolares: auxiliando no desenvolvimento emocional e social das crianças.
Essas terapias, supervisionadas por profissionais, mostram que o papel dos animais vai além do emocional — ele também é terapêutico e cientificamente comprovado.
Antes de tomar a decisão de ter um animal como aliado na saúde mental, é essencial considerar alguns fatores:
Comprometimento a longo prazo: animais vivem por muitos anos e exigem atenção constante.
Espaço físico e tempo disponível: é necessário garantir um ambiente seguro e tempo para se dedicar ao pet.
Escolha do animal certo: nem todos os tipos de pets se adaptam ao estilo de vida de cada pessoa. É importante buscar orientação antes da adoção.
Assumir um pet deve ser um gesto de amor e responsabilidade, não apenas uma tentativa de preencher um vazio emocional.
Os animais de estimação têm um poder único: eles nos enxergam com afeto mesmo nos nossos piores dias. A simples presença deles já muda o clima de um ambiente e traz mais leveza à rotina.
Embora não substituam psicoterapia ou medicação (quando necessária), os pets são verdadeiros aliados no cuidado com a saúde mental, oferecendo conforto, afeto e companhia em tempos difíceis.
Se você já sentiu alívio ao abraçar seu cachorro ou viu seu humor melhorar ao brincar com um gato, saiba que não está sozinho. A conexão entre humanos e animais pode ir muito além do afeto: ela atua diretamente em processos psicológicos e pode contribuir de forma significativa para o tratamento de diversos transtornos mentais.
A seguir, vamos entender como os pets auxiliam nos tratamentos, quais profissionais podem indicar esse tipo de apoio e como adaptar o convívio com o pet à rotina terapêutica. Tudo isso com um olhar acolhedor, empático e baseado em evidências.
Quando falamos em tratamentos para a saúde mental, normalmente pensamos em psicoterapia, medicação e autocuidado. No entanto, os animais podem se integrar a esse processo como parte de uma abordagem mais completa e humanizada.
Os efeitos positivos da convivência com pets vão muito além do que parece. Veja como eles atuam:
Redução da frequência cardíaca e da pressão arterial em momentos de estresse ou ansiedade.
Estímulo à liberação de endorfinas, substâncias naturais ligadas ao bem-estar.
Promoção da sensação de segurança e aconchego, especialmente em momentos de tristeza ou crises emocionais.
Melhora do humor diário, reforçando o equilíbrio emocional a longo prazo.
Esses efeitos são especialmente úteis em tratamentos de depressão, ansiedade generalizada, fobias sociais, luto e até transtornos de personalidade, quando acompanhados por profissionais qualificados.
Embora qualquer pessoa possa se beneficiar do convívio com um pet, é importante lembrar que o uso terapêutico deve ser guiado por especialistas. Os principais profissionais que podem indicar ou apoiar essa estratégia são:
Psicólogos clínicos: identificam se o paciente pode se beneficiar emocionalmente com a presença de um animal.
Psiquiatras: avaliam o impacto emocional e, se for o caso, recomendam a introdução de um pet como apoio complementar ao tratamento medicamentoso.
Terapeutas ocupacionais: sugerem o convívio com animais como forma de reinserção social e ocupacional.
Equipes multidisciplinares: especialmente em clínicas, hospitais ou centros de reabilitação.
A recomendação pode surgir de forma natural, a partir da conversa entre paciente e terapeuta. O mais importante é que a introdução de um pet no processo seja bem planejada, respeitando os limites emocionais da pessoa.
Adotar ou conviver com um pet não deve ser um ato impulsivo. É essencial que essa relação aconteça de maneira leve e planejada. Veja algumas dicas práticas para fazer essa integração com equilíbrio:
Antes de trazer um pet para casa, pense se você conseguirá incluir os cuidados na sua rotina atual. Mesmo nos dias difíceis, os animais vão precisar de alimentação, higiene e atenção. Se você está em um momento muito delicado emocionalmente, talvez seja melhor iniciar com uma convivência indireta, como visitas a abrigos ou contato com pets de amigos.
Se a recomendação for parte de um tratamento, comece com interações curtas e progressivas. Isso ajuda a entender como você se sente perto do animal e se essa conexão realmente ajuda no seu processo emocional.
Nem todos os pets se adaptam a todos os estilos de vida. Cães exigem mais energia e passeios, enquanto gatos são mais independentes. Para pessoas com sensibilidade sensorial, animais menores, como coelhos ou peixes, podem ser uma opção mais tranquila.
Mesmo com os benefícios emocionais, o pet não substitui o tratamento profissional. Continue com sua terapia ou acompanhamento psiquiátrico e compartilhe com seu terapeuta como está sendo a convivência com o animal. Essa troca pode enriquecer o tratamento e fortalecer ainda mais a conexão emocional.
Infelizmente, uma das experiências mais dolorosas para quem tem um pet é lidar com sua perda. Animais vivem menos que humanos, e o luto por um companheiro de quatro patas pode ser tão intenso quanto por uma pessoa próxima.
Nesse momento, é importante:
Validar seus sentimentos sem culpa.
Buscar apoio emocional, seja com amigos, familiares ou profissionais.
Falar sobre o pet e manter lembranças positivas vivas na memória.
O vínculo que foi criado continua existindo mesmo após a partida do animal. E, para muitos, esse amor é o que fortalece a vontade de cuidar mais de si mesmos.
No fim das contas, os animais não curam doenças mentais — mas eles ajudam, e muito. Eles nos lembram de que o afeto, a presença e o cuidado podem ser grandes aliados nos momentos de dor.
Se você sente que está enfrentando desafios emocionais e procura uma forma de tornar seu processo de cura mais leve, considere essa possibilidade. Com orientação adequada e carinho mútuo, o convívio com um pet pode transformar a maneira como você cuida da sua saúde mental.